Julho Amarelo: momento para ações e de reflexão

Sobre Paulo Soares

Paulo Soares é um dedicado líder comunitário com uma longa trajetória na defesa dos direitos das pessoas vivendo com HIV e AIDS. Ativo na CAPHIV, Paulo é reconhecido por seu trabalho incansável em prol da saúde, inclusão social e apoio às pessoas em situação de vulnerabilidade. Sua trajetória é marcada pelo compromisso com a solidariedade e a transformação social.

Publicado em:
13 de setembro de 2024

Como já é conhecido pela população de Piracicaba, neste mês acontece a campanha do Julho Amarelo, com o objetivo de incentivar a prevenção, testagem e adesão ao tratamento de hepatites virais. Vale lembrar que, desde 2010, a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu o dia 28 de Julho como o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. Piracicaba foi pioneira na implementação da campanha, em 2011, e desde 2015 a data integra oficialmente o calendário de eventos do município.
No dia 1o de Julho deste ano, participei da abertura do Julho Amarelo na Câmara Municipal de Piracicaba, em um evento em que a casa legislativa estendeu na entrada do seu prédio principal a faixa amarela como símbolo desta causa tão essencial que é a prevenção das hepatites virais. Eu tive o prazer de acender uma vela amarela ao lado do vereador Pedro Kawai (PSDB) e de Moises Taglieta, coordenador do setor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Piracicaba.
a partir de parceria com órgãos de governo e com pessoas interessadas em se envolver nesta causa tão importante que desenvolvemos algumas ações para levar não apenas informações à população, mas também testes rápidos, pelos quais podemos ter um indicativo de como está a situação das hepatites virais no Município.
Um dos projetos realizados pela Caphiv (Centro de Apoio a HIV/Aids e Hepatites Virais), o “Prevenção na Quebrada” realiza hoje, dia 26, uma ação de vacinação contra Hepatite B em três locais, iniciando-se a partir das 9h: Centro POP, praça José Bonifácio e área de lazer da Rua do Porto. Já no dia 2, no Centro POP, a partir das 9h, acontecem ações com testes rápidos de sífilis e HIV, além de Hepatites.
São ações como essas que, além de fortalecer a bela parceria que as entidades mantém com programas da Administração Municipal, também levam a oportunidade dos testes. Neste caso, especificamente, à população em situação de rua. O nosso objetivo, sempre, é mobilizar toda a nossa equipe técnica com o objetivo de levar esse trabalho tão fundamental para a saúde pública de uma maneira geral.
Na cidade, a estimativa é que entre 5 e 6 mil pessoas convivam com as hepatites B e C. No Brasil, são 3 milhões de infectados e cerca de 500 milhões no mundo. Por isso, nunca é demais divulgar informações sobre as diferentes características das hepatites virais e quais são as principais formas de prevenção.

DIFERENÇAS ENTRE
HEPATITES VIRAIS
Hepatite A – Causada pelo vírus A da hepatite (HAV), também conhecida como “hepatite infecciosa”. A transmissão é fecal-oral (contato de fezes com a boca). A doença tem grande relação com alimentos ou água não seguros, baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal (OMS, 2019). Outras formas de transmissão são os contatos pessoais próximos e os contatos sexuais.
Hepatite B – Causada pelo vírus B da hepatite (HBV), que está no sangue e secreções, é classificada como infecção sexualmente transmissível. Em adultos, cerca de 20% a 30% dos infectados cronicamente pelo vírus B da hepatite desenvolverão cirrose e/ou câncer de fígado. As principais formas de transmissão são relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada; da mãe infectada para o filho, durante a gestação e o parto; compartilhamento de material para uso de drogas e de materiais de higiene pessoal; na confecção de tatuagem e colocação de piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos; por contato próximo de pessoa a pessoa (presumivelmente por cortes, feridas e soluções de continuidade); transfusão de sangue. Ainda que a hepatite B não tenha cura, a vacina contra essa infecção é ofertada de maneira universal e gratuita no SUS.
Hepatite C – Causado pelo vírus C da hepatite (HCV). Aproximadamente 60% a 85% dos casos se tronam crônicos e, em média, 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo. Uma vez estabelecido o diagnóstico de cirrose hepática, o risco anual para o surgimento de carcinoma hepatocelular (CHC) é de 1% a 5% e de descompensação hepática é de 3% a 6%. Após um primeiro episódio de descompensação hepática, o risco de óbito, nos 12 meses seguintes, é de 15% a 20%. Pessoas submetidas a hemodiálise, privados de liberdade, usuários de drogas e pessoas vivendo com HIV são exemplos de populações mais vulneráveis à infecção pelo HCV.
Hepatite D – Causada pelo vírus D da hepatite (HDV), também chamada de Delta, está associada ao vírus B da hepatite (HBV) para causar a infecção e inflamação das células do fígado. É considerada a forma mais grave de hepatite viral crônica, com progressão mais rápida para cirrose e risco aumentado para descompensação, carcinoma hepatocelular (CHC) e morte. As formas de transmissão são idênticas às da hepatite B.
Hepatite E – Causada pelo vírus E da hepatite (HEV), na maioria dos casos, é uma doença de caráter benigno. A hepatite E pode ser grave na gestante e, raramente, causar infecções crônicas em pessoas que tenham algum tipo de imunodeficiência. A hepatite E não tem dados de prevalências significativas no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia. (Com informações do Cedic – Centro de Doenças Infectocontagiosas, da Secretaria Municipal de Saúde)

Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio a HIV/Aids e Hepatites Virais)

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