Desafios da infeção respiratória grave em pacientes com HIV

Sobre Paulo Soares

Paulo Soares é um dedicado líder comunitário com uma longa trajetória na defesa dos direitos das pessoas vivendo com HIV e AIDS. Ativo na CAPHIV, Paulo é reconhecido por seu trabalho incansável em prol da saúde, inclusão social e apoio às pessoas em situação de vulnerabilidade. Sua trajetória é marcada pelo compromisso com a solidariedade e a transformação social.

Publicado em:
13 de setembro de 2024

Na semana passada, tratamos neste nosso espaço dos perigosos da tuberculose, agora que os dias estão mais frios. Com a aproximação do Inverno, a preocupação com doenças comuns nesta época é sempre crescente, sobretudo para pessoas que convivem com o HIV, as quais precisam ter cuidados específicos para evitar o adoecimento e, claro, até mesmo o óbito. Este é um problema muito comum que, no dia a dia do trabalho do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids, Sífilis e Hepatites Virais), temos que enfrentar com populações em situação de rua.
A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) compromete o sistema imunológico, tornando os pacientes mais suscetíveis a uma variedade de infecções, incluindo as infecções respiratórias agudas graves. Essas infecções podem apresentar uma ampla gama de manifestações clínicas e ter um impacto significativo na morbidade e mortalidade dos pacientes com HIV.

ASPECTOS
CLÍNICOS

  1. Pneumonia Pneumocystis jirovecii: A pneumonia por Pneumocystis jirovecii é uma das principais infecções respiratórias em pacientes com HIV. Apresenta-se com sintomas como tosse seca, dispneia (dificuldade respiratória), febre, fadiga e perda de peso. O diagnóstico é confirmado por exames de imagem e testes laboratoriais.
  2. Tuberculose: A tuberculose (TB) é uma infecção bacteriana crônica que pode afetar os pulmões e outros órgãos. Pacientes com HIV têm um risco significativamente maior de desenvolver tuberculose ativa. Os sintomas incluem tosse persistente, febre, sudorese noturna, perda de peso e fadiga. O diagnóstico envolve testes de escarro, radiografia de tórax e, em alguns casos, cultura de micobactérias.
  3. Infecções respiratórias virais: Pacientes com HIV também são mais suscetíveis a infecções respiratórias virais, como influenza (gripe), vírus sincicial respiratório (VSR) e herpes simplex. Essas infecções podem levar a complicações graves, incluindo pneumonia viral e exacerbação da imunossupressão.

ASPECTOS
EPIDEMIOLÓGICOS

  1. Imunossupressão e contagem de células CD4: O risco de infecção respiratória aguda grave está diretamente relacionado ao grau de imunossupressão do paciente, medido pela contagem de células CD4. Quanto menor a contagem de células CD4, maior é a suscetibilidade a infecções oportunistas.
  2. Terapia antirretroviral (TARV): A adesão à TARV desempenha um papel fundamental na redução do risco de infecções respiratórias graves em pacientes com HIV. A TARV melhora a função imunológica, aumentando a contagem de células CD4 e reduzindo a carga viral.
  3. Coinfecções: A presença de outras infecções, como hepatite viral, coinfectada com o HIV, pode agravar a suscetibilidade a infecções respiratórias agudas graves.

PREVENÇÃO E
TRATAMENTO

  1. A vacinação contra influenza e pneumonia bacteriana é essencial para prevenir complicações respiratórias em pacientes com HIV. Além disso, é recomendada a imunização contra outras infecções virais, como hepatite A e B.
  2. Profilaxia primária e secundária: A profilaxia com medicamentos, como trimetoprim-sulfametoxazol, pode ser recomendada para prevenir a pneumonia por Pneumocystis jirovecii em pacientes com baixa contagem de células CD4. A profilaxia secundária é recomendada para reduzir o risco de recorrência.
  3. Tratamento específico: O tratamento das infecções respiratórias agudas graves em pacientes com HIV envolve o uso de medicamentos antivirais, antibióticos e antifúngicos, dependendo do agente infeccioso identificado.
    A infecção respiratória aguda grave em pacientes HIV-positivos apresenta desafios clínicos e epidemiológicos significativos. A prevenção e o tratamento eficazes dessas infecções requerem uma abordagem abrangente, incluindo adesão à TARV, vacinação, profilaxia e tratamento adequado. A conscientização sobre os riscos e a implementação de medidas preventivas são fundamentais para reduzir a morbidade e a mortalidade associadas a essas infecções em pacientes com HIV.
    Vale pontuar, também, que além da vacinação, da profilaxia e, no caso, de acometimento da doença, do tratamento com medicamentos, também é importante a alimentação saudável, que sempre contribuiu para o sistema imunológico, e o uso de agasalhos, mantas e cobertores, especialmente no período noturno.
    Desta forma, aproveito esse espaço para também divulga a campanha do agasalho promovido pelo Fussp (Fundo Social de Solidaridade de Piracicaba, que continua recebendo doações de cobertores, mantas e roupas na Central de Projetos (rua Professor José Rosário Losso, 946, Jaraguá). Mais informações podem ser conseguidas pelo telefone da Central: 3422-9677.

Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids e Heptatites Virais).

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