O objetivo desta coluna semanal é trazer informações que contribuam para o cuidado da saúde. Começamos mais um ano – aliás, feliz 2023 para todos e todas nós – e a minha preocupação, nesta edição, é alertar sobre a associação, cada vez mais comum, entre as bebidas energéticas com as bebidas alcoólicas. Confesso que isso me assusta muito! Essa combinação muito perigosa é uma bomba-relógio para diversos problemas de saúde.
No site da Secretaria de Serviços Integrados de Saúde (SSI-Saúde), do Ministério Público Federal, um artigo que reúne diversos estudos aponta os perigos desta combinação:
“As bebidas energéticas — aquelas que apresentam em seus compostos ingredientes como a cafeína, taurina, açúcar ou adoçantes, suplementos de ervas, dentre outros — são comercializadas com a promessa de diminuir a sonolência e aumentar os níveis de energia e desempenho físico. A utilização dessas bebidas tem sido tratada com alerta por estudiosos da área de saúde, sobretudo quando o produto é associado à ingestão de álcool.
O aumento do consumo destas bebidas associadas com álcool causa preocupação devido à maior probabilidade do consumo abusivo episódico de álcool, além de estar associado à direção perigosa, riscos à saúde, envolvimento em situações de violência, bem como maior risco do desenvolvimento de dependência em comparação ao uso somente de álcool.
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), não há níveis seguros para o consumo de álcool, podendo acarretar riscos à saúde se a pessoa beber mais de duas doses por dia e mais do que cinco vezes na semana. Ou seja, significa que os riscos à saúde já são grandes quando se consume mais de dois copos de cerveja ou chope/dia, mais que duas taças de vinhos/dia ou mais que uma dose/dia de bebida destilada (uísque, pinga, vodka, gin, etc).
POR QUE SE PREOCUPAR COM A ASSOCIAÇÃO DE ÁLCOOL E BEBIDAS ENERGÉTICAS?
Alguns dos ingredientes contidos nos energéticos, como a cafeína, a taurina e o açúcar, ajudam a disfarçar o sabor das bebidas alcoólicas, fazendo com que a combinação se torne mais palatável, o que pode favorecer o aumento do consumo de álcool.
A euforia causada pela cafeína pode alterar a percepção de embriaguez, fazendo com que a pessoa se sinta menos alcoolizada do que realmente está. Já a taurina pode colaborar com a redução da sensação de fadiga muscular. Assim, tem-se diminuída a percepção de intoxicação e de cansaço. Esses efeitos podem concorrer para aumentar o consumo de bebidas alcoólicas e também representar, a depender da quantidade e frequência de consumo, risco aditivo para o desenvolvimento de abuso e dependência de álcool, tornando-se uma doença.
Entretanto, essas não são as únicas consequências adversas dessa mistura. Muitas pessoas ignoram o aviso no rótulo presente em algumas bebidas energéticas disponíveis no mercado: não combiná-las com bebidas alcoólicas, em razão de seus efeitos nocivos.
QUAIS OS EFEITOS DOS ENERGÉTICOS?
Dadas as altas quantidades de cafeína (até 80mg de cafeína/250ml de bebida energética), dentre outros aditivos e estimulantes, o consumo de energéticos tem sido associado ao aumento da carga de trabalho do coração, demonstrada pela elevação da pressão sanguínea, frequência cardíaca, bem como do débito cardíaco.
O uso frequente ou abusivo de energéticos pode provocar overdose de cafeína, quando consumida em doses maiores que 420mg por dia, associada a sintomas cardiovasculares como taquicardia (palpitações), picos hipertensivos e até situações mais graves com síncopes (desmaios) ou até morte súbita. Por estes motivos, pessoas com histórico de arritmias cardíacas, hipertensão arterial (pressão alta) ou outras doenças cardíacas devem evitar o consumo de bebidas energéticas.
O uso combinado de álcool provavelmente potencializa os efeitos prejudiciais cardiovasculares. Na ausência de evidências científicas que garantam a segurança da combinação de energético com álcool, é mais prudente evitá-la.
Fique ligado!
Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids e Heptatites Virais).
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