Essa semana o frio chegou de forma intensa. Parece coincidência, mas nós, que vivemos em Piracicaba, costumamos dizer que, quando esfria desta forma, é porque a Festa das Nações vai começar – e isso é um fato, ela começa hoje, 17, e segue até domingo, 21, no Engenho Central. Mas, brincadeiras à parte, é sempre preciso alertar quanto aos riscos que as temperaturas mais baixas trazem, entre eles o aumento de casos de tuberculose.
Mas antes de entrar no detalhamento sobre a doença, vale resgatar alguns dados – e que nos deixam bastante atentos – que apontam o crescimento dela no Estado de São Paulo. Em março deste ano, o site G1 São Paulo publicou uma reportagem em que demonstra o aumento de 15% no período entre 2020 a 2022. Só neste ano, foram registrados 960 casos na capital paulista. Então, é importante tratarmos essa situação com muita seriedade.
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. A doença afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas. A forma extrapulmonar, que afeta outros órgãos que não o pulmão, ocorre mais frequentemente em pessoas vivendo com HIV, especialmente aquelas com comprometimento imunológico.
Apesar de ser uma enfermidade antiga, a tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública. No mundo, a cada ano, cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose. A doença é responsável por mais de um milhão de óbitos anuais. No Brasil são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem cerca de 4,5 mil mortes em decorrência da tuberculose.
Os principais sintomas são: 1) tosse por 3 semanas ou mais; 2) febre vespertina; 3) sudorese noturna; 4) emagrecimento. O principal sintoma da tuberculose pulmonar é a tosse. Essa tosse pode ser seca ou produtiva (com catarro). Caso a pessoa apresente sintomas de tuberculose, é fundamental procurar a unidade de saúde mais próxima da residência para avaliação e realização de exames. Se o resultado for positivo para tuberculose, deve-se iniciar o tratamento o mais rápido possível e segui-lo até o final. IMPORTANTE: recomenda-se que toda pessoa com sintomas respiratórios, ou seja, que apresente tosse por três semanas ou mais, seja investigada para tuberculose.
TRANSMISSÃO -A transmissão da tuberculose acontece por via respiratória, pela eliminação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa com tuberculose ativa (pulmonar ou laríngea), sem tratamento; e a inalação de aerossóis por um indivíduo suscetível Calcula-se que, durante um ano, em uma comunidade, uma pessoa com tuberculose pulmonar e/ou laríngea ativa, sem tratamento, e que esteja eliminando aerossóis com bacilos, possa infectar, em média, de 10 a 15 pessoas.
A tuberculose não se transmite por objetos compartilhados. Bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e talheres dificilmente se dispersam em aerossóis e, por isso, não têm papel importante na transmissão da doença.
Com o início do tratamento, a transmissão tende a diminuir gradativamente, e em geral, após 15 dias, o risco de transmissão da doença é bastante reduzido. O bacilo é sensível à luz solar e a circulação de ar possibilita a dispersão das partículas infectantes. Por essa razão, ambientes ventilados e com luz natural direta diminuem o risco de transmissão. A etiqueta da tosse, que consiste em cobrir a boca com o antebraço ou lenço ao tossir, também é uma medida importante a ser considerada.
DIAGNÓSTICO – No Brasil, o diagnóstico da tuberculose é realizado conforme preconizado no Manual de Recomendações Para o Controle da Tuberculose no Brasil, sendo subdividido em diagnóstico clínico, diferencial, bacteriológico, imagem, histopatológico e por outros testes diagnósticos. As orientações e recomendações para o diagnóstico laboratorial de micobactérias estão contidas no Manual de Recomendações para o Diagnóstico Laboratorial de Tuberculose e Micobactérias não Tuberculosas de Interesse em Saúde Pública no Brasil.
O diagnóstico laboratorial é fundamental tanto para a detecção de casos novos quanto para o controle de tratamento. O principal objetivo da rede de laboratórios vinculada ao controle deve ser o de detectar casos de tuberculose, monitorar a evolução do tratamento e documentar a cura no fim do tratamento.
Para o diagnóstico laboratorial da tuberculose são utilizados os seguintes exames: 1) teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB) ou baciloscopia; 2) cultura; 3) teste de Sensibilidade aos fármacos. Além do diagnóstico laboratorial, a avaliação clínica é de suma importância para o diagnóstico da TB e a realização da radiografia do tórax é indicada como um método complementar para esse diagnóstico.
BRASIL LIVRE DA TUBERCULOSE – O país assume o compromisso de eliminar a tuberculose por meio do “Plano Brasil livre da tuberculose”, publicado em 2017. O plano foi construído pelo Ministério da Saúde, com a participação de gestores estaduais e municipais, academia e sociedade civil. Além disso, foi submetido à consulta pública e aprovado pela Comissão Intergestores Tripartite (CIT).
O plano é baseado em três pilares: 1) prevenção e cuidado integrado e centrado na pessoa; 2) políticas arrojadas e sistema de apoio; 3) intensificação da pesquisa e inovação.
As metas do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública são alcançar uma redução de 90% do coeficiente de incidência e redução de 95% no número de mortes pela doença no país até 2035, quando comparados aos dados de 2015. Para o Brasil, significa que é necessário reduzir o coeficiente de incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e reduzir o número de óbitos pela doença para menos de 230 ao ano, até 2035.
Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids e Heptatites Virais).
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