Pessoas com HIV/Aids têm mais chance de desenvolver diabete

Sobre Paulo Soares

Paulo Soares é um dedicado líder comunitário com uma longa trajetória na defesa dos direitos das pessoas vivendo com HIV e AIDS. Ativo na CAPHIV, Paulo é reconhecido por seu trabalho incansável em prol da saúde, inclusão social e apoio às pessoas em situação de vulnerabilidade. Sua trajetória é marcada pelo compromisso com a solidariedade e a transformação social.

Publicado em:
13 de setembro de 2024

Embora não seja algo muito novo, é importante ressaltar: as pessoas com HIV/Aids têm mais chance de desenvolver diabete. Em 2017, a imprensa brasileira repercutiu um levantamento publicado no periódico científico BMJ Open Diabetes Research & Care, em que pesquisadores nos Estados Unidos chegaram a essa conclusão ao comparar dados de 8.610 soropositivos aos de 5.604 sem HIV.
A notícia, na época, não é nada animadora: mesmo considerando diversos outros fatores, como idade, sexo, etnia e peso, a prevalência do diabete no grupo das pessoas com HIV/Aids foi quase 4% maior.
O problema se torna mais grave ao destacar que a diabetes é mais fatal que o próprio vírus HIV, o câncer de mama e a tuberculose. Em uma reportagem do jornal Correio Braziliense, publicada em 2018, o presidente da Associação Nacional de Atenção ao Diabetes (ANAD), Fadlo Fraige Filho, destaca que evitar o diabetes e as complicações da doença exige educação e melhorias no atendimento, além do oferecimento de novos fármacos.
Dentre os dados apresentados por Fadlo, a massa de diabéticos aumenta progressivamente por conta do envelhecimento da população. Em 2005, a população idosa era de 20 milhões. Em 2030, serão 40 milhões, 15%do total da população projetada para o Brasil daqui a oito anos.
O QUE É DIABETES? – Informação nunca é demais, por isso, o meu objetivo nesta coluna é oferecer dados que contribuem para a prevenção de doenças e melhoria na qualidade de vida. O Ministério da Saúde define que diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo.
A insulina é um hormônio que tem a função de quebrar as moléculas de glicose(açúcar) transformando-a em energia para manutenção das células do nosso organismo. O diabetes pode causar o aumento da glicemia e as altas taxas podem levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves, o diabetes pode levar à morte. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, existem atualmente, no Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa 6,9% da população nacional. A causa do tipo de diabetes ainda é desconhecida e a melhor forma de preveni-la é com práticas de vida saudáveis.
TIPOS MAIS COMUNS – O diabetes mellitus pode se apresentar de diversas formas e possui diversos tipos diferentes. Independente do tipo de diabetes, com aparecimento de qualquer sintoma é fundamental que o paciente procure com urgência o atendimento médico especializado para dar início ao tratamento.
TIPO 1 – Sabe-se que, via de regra, é uma doença crônica não transmissível, hereditária, que concentra entre 5% e 10% do total de diabéticos no Brasil. Ele se manifesta mais frequentemente em adultos, mas crianças também podem apresentar. O diabetes tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos também. Pessoas com parentes próximos que têm ou tiveram a doença devem fazer exames regularmente para acompanhar a glicose no sangue. O tratamento exige o uso diário de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose no sangue. A causa do diabetes tipo 1 ainda é desconhecida.
TIPO 2 – O diabetes tipo 2 ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida. A causa do diabetes tipo 2 está diretamente relacionado ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão.e hábitos alimentares inadequados. Por isso, é essencial manter acompanhamento médico para tratar, também, dessas outras doenças, que podem aparecer junto com o diabetes. Cerca de 90% dos pacientes diabéticos no Brasil têm esse tipo. Diabetes Latente Autoimune do Adulto (LADA): Atinge basicamente os adultos e representa um agravamento do diabetes tipo 2. Caracteriza-se, basicamente, no desenvolvimento de um processo autoimune do organismo, que começa a atacar as células do pâncreas.
COMO PREVENIR O DIABETES? – De acordo com o Ministério da Saúde, a melhor forma de prevenir o diabetes e diversas outras doenças é a prática de hábitos saudáveis, o que inclui comer diariamente verduras, legumes e, pelo menos, três porções de frutas; reduzir o consumo de sal, açúcar e gorduras; parar de fumar; praticar exercícios físicos regularmente (pelo menos 30 minutos todos os dias); manter o peso controlado.
Vale lembrar que o Ministério da Saúde adotou internacionalmente metas para frear o crescimento do excesso de peso e obesidade. O País assumiu como compromisso deter o crescimento da obesidade na população adulta, por meio de políticas intersetoriais de saúde e segurança alimentar e nutricional; reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na população adulta; e ampliar pelo menos 17,8% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente.
Outra ação para a promoção da alimentação saudável foi a publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira. Reconhecida mundialmente pela abordagem integral da promoção à nutrição adequada, a publicação orienta a população com recomendações sobre alimentação saudável e para fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação.

Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids e Heptatites Virais).

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *