Na semana passada, eu apresentei nesta coluna, informações importantes a respeito da PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV). Hoje, dentro do nosso trabalho de mais de uma década de informações através do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids e Hepatites Virais), falaremos sobre o PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV).
Conforme o Ministério da Saúde dentro do protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para PrEP de risco à infecção pelo HIV, a PrEP consiste no uso de antirretrovirais (ARV) para reduzir o risco de adquirir a infecção pelo HIV. Na publicação de 2018, o governo federal esclarece que essa estratégia se mostrou eficaz e segura em pessoas com risco aumentado de adquirir a infecção.
No Brasil, a epidemia de HIV/aids é concentrada em alguns segmentos populacionais que respondem pela maioria de casos novos da infecção, como gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas trans e profissionais do sexo. Além disso, destaca-se o crescimento da infecção pelo HIV em adolescentes e jovens.
Porém, o pertencimento a um desses grupos não é suficiente para caracterizar indivíduos com frequentes situações de exposição ao HIV, o que é definido por práticas sexuais, parcerias ou contextos específicos que determinam mais chances de exposição ao vírus.
Além de apresentarem maior risco de adquirir o HIV, essas pessoas frequentemente estão sujeitas a situações de discriminação, sendo alvo de estigma e preconceito e
aumentando, assim, sua vulnerabilidade ao HIV/aids.
Para esses casos, a PrEP se insere como uma estratégia adicional nova de prevenção disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de reduzir a transmissão do HIV e contribuir para o alcance das metas relacionadas ao fim da epidemia.
Para que essa estratégia seja eficaz, é necessário que a rede de saúde
remova as barreiras de acesso a essas populações, acolhendo-as na sua integralidade
e garantindo seus direitos à saúde de qualidade.
PREVENÇÃO COMBINADA – Ainda com base no protocolo e diretrizes do Ministério da Saúde, a PrEP faz parte das estratégias de prevenção combinada do HIV, as quais também se inserem: 1) testagem para o HIV; 2) PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV); 3) uso regular de preservativos; 4) diagnóstico oportuno e tratamento adequado de infecções sexualmente transmissíveis (IST); 5) redução de danos; 6) gerenciamento de vulnerabilidades; 7) supressão da replicação viral pelo tratamento antirretroviral; e 8) imunizações.
A política brasileira de enfrentamento ao HIV/Aids reconhece que nenhuma intervenção de prevenção isolada é suficiente para reduzir novas infecções e que diferentes fatores de risco de exposição, transmissão e infecção operam, de forma dinâmica, em diferentes condições sociais, econômicas, culturais e políticas.
QUANDO TOMAR – A biomédica Marcela Lemos, do site Tua Saúde, explica que o uso da PrEP deve ser feito todos os dias para que seja eficaz no impedimento da infecção pelo vírus. O medicamento pode ser conseguido gratuitamente pelo SUS desde 2017, sendo importante que seu uso seja indicado e orientado pelo clínico geral ou infectologista.
Marcela adverte: “É importante que mesmo com a PrEP seja utilizada camisinha nas relações sexuais, pois esse medicamento não previne a gravidez e nem a transmissão de outras infeccções sexualmente transmissíveis, como clamídia, gonorreira e sífils, por exemplo, tendo efeito apenas sobre o vírus HIV.”
A PrEP corresponde à combinação de dois medicamentos antirretrovirais, o Tenofovir e a Emtricitabina, que atuam diretamente no vírus, impedindo a entrada nas células e posterior multiplicação, sendo eficaz na prevenção da infeccção do HIV e desenvolvimento da doença.
Paulo Soares, presidente da Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids e Hepatites Virais).
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